sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Por um cinema crítico e que seja visto


Madrugada, sem sono, uma caneca de café e ao fim de mais um grande filme do mestre Woody Allen. Cenário perfeito para falar de mais um filme cult e encher o blog, depois de quase um ano sem postar nada, com mais um filme que poucas almas brasileiras irão ver, mas não! Hoje resolvi fazer diferente. Hoje eu vim fazer um apelo ao cinema! Quem sou eu para fazer um apelo ao cinema? Eu sei que não tenho esse cacife, mas é uma coisa que me deixa muito chateado, esse texto é meio que um desabafo em defesa de um cinema crítico, mas que consiga ser visto.

Nós, cinéfilos achamos que só o que é alternativo e “Cult” que presta, isto inclui minha pessoa. Adoramos dizer: “Ah, como assim você não conhece o Bergman?” E assim acabamos cada vez mais nós distanciando do cotidiano das pessoas que gostam do “Duro de Matar”, do Rambo e do Rocky. O cinema é uma poderosa maquina de dominação ideológica. E nesta luta eu lhes pergunto: Quem será que está ganhando, Michael Moore com seu belíssimo documentário “Capitalismo, uma história de amor” ou a ideologia Yanke com “Guerreiro”? O cinema Cult tem de ser popularizado. A mensagem revolucionaria de “O corte”, de Gravas, tem de passar na tele-quente, a luta contra arrogância Yanke de Lars Von Trier, tem que ser a mais vendida, os documentários críticos de Michael Moore tem de ser mais visto. Temos de abandonar o Cult arrogante e adotar o Cult popular. Os diretores têm de fazer filmes que façam a critica social, mas que sejam “leves” para o público assistir, novos Forrest Gumps tem de surgir, ou vocês acham que esse filme num passa uma bela mensagem? E a crítica ao American Way Life que o “Beleza Americana” faz teve muito mais impacto que o “Manderlay.” Que tal a filosofia de “Matrix” e "Star Wars" que foi assistida por quase meio mundo? E crítica ao individualismo feita com muito humor por Jhonatan Dayton na “Pequena Miss Shun Shine.”

Muitos vão dizer que isto implicaria em abandonar a arte cinematográfica, talvez alguns anos atrás eu até concordaria com isto, mas hoje meu conceito sobre arte é outro. Não quero dizer que os diretores tenham de parar de produzir filmes alternativos, longe de mim dizer isso o que eu quero dizer é que o cinema que faz criticas sociais precisa ser visto e para ser visto muitos filmes precisam ser mais “leves” para o publico em geral. Isso é arte! Passar uma mensagem revolucionaria para milhões, se não vamos continuar dialogando com as mesmas pessoas, influenciando o mesmo tipo de gente enquanto o Rocky e o Rambo arrastam milhares de fãs.

Aproveitar a deixa e dizer que tentarei retomar as postagens no blog.

Rafael Leal

domingo, 4 de setembro de 2011

Irreversível (2002)


Acabo de ver “Irreversível” e estou a mais de 40 minutos refletindo, lendo resenhas e tentando encontrar uma explicação de como este filme é tão badalado. Antes de ver várias pessoas me indicaram, chegavam a dizer que “era uma obra prima do cinema moderno”. Infelizmente já passam da meia noite e eu não vou me atrever a ligar para estas pessoas e perguntar; “Meu filho o que de mais tem neste filme?”

Todos os argumentos para tal genialidade da película não me convenceram nem um pouco. O fato de o filme ter uma narrativa de traz para frente não é nem um pouco inovador, o cinema já assistiu isto em “Amnésia” de Christopher Nolan. A câmera que se move o tempo inteiro só contribui para deixar o filme mais enjoativo. A violência é demasiada e sem motivo (e olha que eu gosto de filmes violentos), não há crítica concreta somente imagens do submundo francês, não existe nenhuma viagem psicológica pela mente dos personagens e o pior de tudo a história é tão simples, mas tão simples que eu imaginei que não tinha prestado atenção e tinha perdido alguma parte do filme, sem contar na frase do final: "o tempo destrói tudo".

Existem alguns pontos positivos no filme a interpretação dos atores, a edição e a cena do estupro que foi muito bem gravada, fora isso um bom filme, mas nada de genial como dizem por ai.


Nota: 6.0

sábado, 27 de agosto de 2011

Incêndios (2011)

Depois de um longo papo sobre cinema com a camarada Virgínia Barros me deu uma saudade de fazer as resenhas que costumava fazer, e claro, atualizar o blog. Da vontade resolvi passar para ação. Não vou fazer uma promessa de manter o blog constantemente atualizado por que a vida de presidente de UEE tem um expediente de 6 da manhã a meia noite, mas vou tentar sempre deixar algo por aqui. O filme escolhido para marcar a retomada do blog? A não poderia fugir ao meu estilo de filme preferido; trágico, inteligente, criativo, crítico e frio. A película em questão é “Incêndios”, de Villeneuve. Guardem o nome deste diretor, tem tudo para ser um dos grandes.

O filme conta a história de dois irmãos gêmeos que com a morte da mãe, ficam sabendo que têm um irmão perdido em algum lugar do Oriente Médio. O rapaz não se interessa em descobrir o paradeiro do infeliz, mas a moça vai à busca do passado da progenitora. Durante a viagem, ela descobre, entre outras desgraças, que a mãe era uma guerrilheira, matou um político importante e teve os gêmeos na prisão, a mesma em que fora torturada e estuprada, ou seja, eles são filhos do torturador. É apenas o início da história, não necessariamente o pior dela.

O filme não tem uma linha cronológica. Passado e presente se interagem em uma história onde os acontecimentos, o tempo histórico, os fatos nunca são nomeados, talvez por este não é o foco do filme, mas estão claramente se referindo aos conflitos religiosos e étnicos do Oriente Médio. É neste cenário de guerras, roubos, massacres que se passa boa parte do filme. De maneira genial o Villeneuve consegue nós envolver em uma trama que começa morna e vai esquentando de maneira gradual até que desemboca em um final realmente efervescente e emocionante. As interpretações são ótimas, principalmente da mãe, e a sua fotografia trágica e trilha sonora fria conseguem dialogar muito bem com o roteiro.

Existem diversos ângulos de analise do filme, político, social, psicológica, religioso, mas o que o filme tem de mais inovador é o seu desenrolar e o final trágico. E não farei uma analise do final do filme pois estragaria o prazer de o leitor assisti-lo. Um ótimo filme que traz de volta os holofotes ao cinema Canadense. 
  
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Nota: 8.3/10
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@rafaelueeminas

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

11th September - 09/11/2001 (11'09''01) Ken Loach

Estou desde as 17 horas trabalhando no blog e o cansaço já bate na porta. Pensei em inaugurar esta nova etapa com um excelente documentário político: A Batalha do Chile. Um grande filme, talvez o melhor filme político de todos os tempos. Mas como é um filme de 5 horas de duração e  necessitaria de assisti-lo mais uma vez para fazer um comentário decente não irei postar nada sobre ele hoje. Vou deixar um excelente curta do Ken Loach sobre o mesmo assunto. Este curta faz parte de um filme que reuni varios outros curtas de diretores renomados sobre o 11 de setembro. Ken Loach com muita criatividade faz um paralelo entre o 11 de setembro de 2001 (EUA) com o 11 de setembro de 1973 (Chile). Um filme que nos deixa indignado com o imperialismo Norte Americano que mais uma vez em defesa da democracia burguesa constrói uma terrível ditadura e acaba com o sonho de um povo repartir as riquezas fruto de seu trabalho, o sonho de construir uma sociedade justa e democrática.



@rafael_pegado

Uma nova etapa

Bom gente, quem as vezes entra no blog ou nos acompanha percebeu que ele ficou inativo alguns meses (quase um ano) e também percebeu que ele esta todo mudado. Ano passado foi um ano muito corrido no movimento estudantil e nas demais tarefas de militante. Foi também um ano muito proveitoso intelectualmente onde em plenarias, cursos, debates, seminários aprendi muita coisa. Apesar de ter sido um excelente período em minha vida eu deixei de lado o cinema, o número de filme que eu via diminuiu consideravelmente e infelizmente eu deixei de escrever sobre. Agora neste começo de ano voltei animado a postar no blog, não só a postar, mas a mudar todo o blog. Como o mundo é dinâmico e as opiniões também, ainda mais para um jovem de 18 anos que acaba de chegar de um baita curso de Marxismo - Leninismo  Nivel III do PC do B , eu mudei muita coisa no blog. As mudanças foram na estrutura das postagens, arrumei os links com defeito, coloquei notas do IMDB em todos os filmes, mudei o nome do blog, a url do blog e coloquei opções de sites no menu e uma lista dos filmes de A - Z. No conteúdo mexi em algumas opiniões e alguns textos, pouca coisa. Não quero que desprezem o que eu  escrevi antes só quero deixar bem claro que as opiniões de agora adiante serão mais maduras e mais criticas. Enfim espero que gostem desta nova revolução.

.Rafael

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Águas Turvas (2009)


De uns tempos para cá alguns paises que não possuíam tradição alguma no mundo do cinema começaram a se destacar com alguns filmes. Noruega, Dinamarca, Filândia, Israel, Bulgária etc. Até ai tudo bem o cinema esta em constante expansão, mas o interessante é que todos estes filmes tem algo em comum. São sempre dramas psicológicos, tramas tristes do cotidiano, filmes alternativos com críticas sociais, morais e éticas. Costumo brincar que este grupo de filmes já fazem parte de um gênero de cinema. São muitos os exemplos "Miragens" (2009), "A Classe" (2008), "Terrably Happy" (2009), "Pelo Meu Pai" (2009), "2:37"(2006), " A Casa das Borboletas Negras"(2007), "Deixa ele Entrar" (2008) etc e etc. Mas o filme em questão não é nenhum dos citados acima, não por que ele seja o melhor deles, mas foi o que veio uma inspiração para falar sobre. "Águas Turvas" conta a historia de Thomas, um rapaz que fora condenado por sequestrar e matar uma criança, crime que ele nega ter cometido. Depois de alguns anos preso Thomas enfim encontra-se com a liberdade e tenta esquecer o passado e recomeçar sua vida como musico em uma igreja. Lá ele acaba se envolvendo com a pastora Ana e seu filho Tommy. Um dia, a igreja recebe a visita da professora Agnes e seus alunos. Observando o talentoso organista, Agnes reconhece em Jan o suposto assassino de seu filho. O filme é praticamente dividido em duas partes a visão de Tomas sobre os acontecimentos e a de Agnes. A direção conseguiu, com maestria, conciliar estas duas partes com uma narrativa empolgante, além da excelente trilha sonora e fotografia. "Águas Turvas" ainda conta com uma crítica moral, o quanto é difícil perdoar um criminoso ou alguma pessoa que te fez mal. Além de todos ingredientes ele ainda da uma "cutucadinha" nas hipocrisias religiosas. Portanto um filme que vale a pena mesmo ser visto, não só "Águas Turvas" como todos os outros deste recente estilo de filmes.

IMDB: 7.6
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7.5/10
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@rafael_pegado

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Fita Branca (2009)


"Um vilarejo protestante no norte da Alemanha, em 1913, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. A história de crianças e adolescentes de um coral dirigido pelo professor primário do vilarejo e suas famílias: o barão, o reitor, o pastor, o médico, a parteira, os camponeses. Estranhos acidentes começam a acontecer e tomam aos poucos o caráter de um ritual punitivo. O que se esconde por trás desses acontecimentos?"

No ápice de sua carreira Michael Haneke fatura nada mais que a Palma de Ouro em Cannes, melhor filme, melhor roteiro e melhor direção no prêmio Cinema Europeu e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, além da indicação ao Oscar 2010 de melhor filme estrangeiro. Merecido todos esses prêmios? Mais do que merecido. "A Fita Branca" é com certeza o filme do ano de 2010. Sempre explorando as mentes perturbadas Haneke resolver expandir e explorar as sociedades perturbadas, resolveu explorar a origem do mal. E nenhum outro período histórico melhor para fazer isso do que o Nazismo, ou melhor a Alemanha pré-nazimos, aonde se encontra o "Ovo da Serpente". Mas Michael sempre deixa bem claro que não é um filme sobre a origem do Nazismo mas sim sobre a origem de todo o mal, ele só usou esta época como exemplo. Em "A Fita Branca" Haneke consegue misturar cinema cult com uma empolgante narrativa. Os estranhos acontecimentos no pequeno vilarejo escondem grandes críticas a sociedade alemã. O filme explora a educação que as crianças
, sombriamente interpretadas, são submetidas. E ninguém melhor para falar sobre o filme que o propio diretor. Abaixo uma pequena entrevista feita pelo site da mosca com Haneke:

“Não ficaria feliz se esse filme fosse visto como um filme sobre um problema alemão, sobre o nazismo. Este é um exemplo, mas significa mais que isso. É um filme sobre as raízes do mal. É sobre um grupo de crianças, que são doutrinadas com alguns ideais e se tornam juízes dos outros – justamente daqueles que empurraram aquela ideologia goela abaixo deles. Se você constrói uma idéia de uma forma absoluta, ela vira uma ideologia. E isso ajuda àqueles que não têm possibilidade alguma de se defender de seguir essa ideologia como uma forma de escapar da própria miséria. E este não é um problema só do fascismo da direita. Também vale para o fascismo da esquerda e para o fascismo religioso. Você poderia fazer o mesmo filme – de uma forma totalmente diferente, é claro – sobre os islâmicos de hoje. Sempre há alguém em uma situação de grande aflição que vê a oportunidade, através da ideologia, para se vingar, se livrar do sofrimento e consertar a vida. Em nome de uma idéia bonita você pode virar um assassino.”

Portanto um filme forte, crítico, sombrio e pessimista ao melhor estilo Michael haneke.

IMDB: 7.8
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10/10
Trailer youtube
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@rafael_pegado

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ilha Das Flores (1989)


Gente primeiramente mil desculpas por ficar mais de 1 mês sem postar, movimento estudantil ta consumindo meu tempo e nunca arrumo uma brechinha para vim aqui e dar o ar da graça. Mas agora consegui e nada melhor do que voltar com o pé direito. 'Ilha das Flores' é o melhor curta-metragem de todos os tempos, este fato é comprovado quando ele é o único curta entre os "1001 filmes para ver antes de morrer", livro Steven Jay. E por que tanto alvoroço em cima do filme de Jorge Furtudo ? 'Ilha das Flores' escancara para o tele-espectador, com muita ironia, todas as desigualdades, hipocrisias, crueldades e todos fatos escondidos em meio a alienação. Jorge Furtado consegue fazer todo esse raio-x critico do sistema em apenas 10 minutos. Portanto não vou me alongar no meu texto assistam e tirem suas próprias conclusões. Uma palavra que resume 'Ilha das Flores': GENIAL.

IMDB: 8.3
*****
Nota:10/10
Ver no Youtube: Aqui

@rafael_pegado

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Sétimo Continente (1989)


Polêmico, alternativo, pessimista, complexo, "indigesto" e com a cara de seu diretor, Michael Haneke, o filme em questão é 'O Sétimo Continente'. Michael é o melhor diretor no quesito de criar personagens com mentes perturbadas. Mas o que mais perturba nos filmes de Haneke são que em cada personagem existe um pouco de nós, em alguns caso até nos identificamos com eles.'O Setimo Continente' não foge a regra, a familia-metafora é uma critica perfeita a 'mecanização' e a 'coisificação' da humanidade, onde vivemos em função do material. Nossos anseios burgueses e sonhos de consumos esta nos levando a nossa auto-destruição física e espiritual, e este recado esta bem dado por Haneke. O filme é uma narrativa muito lenta, mas necessaria. A câmera foca nos objetos que estão sendo usados e aos poucos nós tornamos íntimos dos objetos do filme, eles são os verdadeiros protagonistas. Haneke deixa seu aviso neste excelente filme que passou batido aos olhos do mundo. Esse filme é só para quem gosta mesmo de cinema.



IMDB: 7.8
*****
Nota: 9.5/10
Sem Trailer na net
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@rafael_pegado

sábado, 22 de agosto de 2009

Soldado Anônimo (2005)


"Um jovem é designado para lutar no Iraque pelo exército americano. Lá ele precisa as adversidades locais, as quais encara com humor negro. Dirigido por Sam Mendes (Beleza Americana) e com Jake Gyllenhaal, Jamie Foxx, Peter Sarsgaard e Chris Cooper no elenco."

Sam Mendes é um dos grandes nomes do cinema de língua inglesa. Quem aplaudiu 'Beleza Americana' e 'Foi Apenas um Sonho', irá se interessar em 'Soldado Anônimo'. Neste, o diretor Inglês, explora a questão da guerra, agora, é mais um filme sobre a psicologia do soldado americano do que um filme sobre tiros e bombas, na verdade não há um só tiro. Seu foco é a mente do soldado americano, de como ele é treinado para matar, de como ele suporta situações de tédio, solidão e falta de sentido. Aliás, falta de sentido parece ser o tema preferido de Sam mendes, ele já havia mostrado isso nos filmes que citei acima. Seus personagens se movem em meio de absurdos e ilusões, e nada mais absurdo do que a situação do "homem-em-guerra". E é disto que se trata o 'Soldado Anônimo. Com belas imagens, uma atuação muito boa do ator Jack Gylhenhaal, Sam Mendes nos brinda com mais um mergulho na alma humana. Quando assisto filmes dirigido por ele, sempre permaneço com a seguinte pergunta: "Qual o sentido dos valores da sociedade americana". Vale a pena conferir.

IMDB: 7.2
****
Nota: 8/10
Trailer: Aqui
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.Marcos